Roberta Rodrigues
Gurupi – As quatro famílias de venezuelanos, que atualmente vivem na praça D’Abadia, em Gurupi, no Sul do Tocantins, se preparam para sair do município. A Secretaria de Assistência Social e Cidadania vai disponibilizar as passagens para os 11 adultos e 5 crianças, entre um e onze anos, que integram o grupo e que devem seguir para Goiânia (GO).
A equipe do jornal Integra esteve no local e aparentemente decididos, os adultos quase não se pronunciaram, já as crianças sem entender a situação corriam para todos os lados brincando no local que por alguns meses se tornou um refúgio.

De acordo com a pasta de Assistência Social, foram eles que solicitaram as passagens e suporte para deixarem a cidade. Os bilhetes estão em processo de licitação, que deve ser concluída na segunda (23/1) ou terça-feira (24/1).
Segundo a diretora da Secretaria de Assistência Social e Cidadania, Maria José da Silva, desde que as famílias chegaram ao município foi oferecido abrigo coletivo e todo apoio necessário. Maria José explica que desde de 2020 uma grande quantidade de venezuelanos vem e vai de Gurupi e, nesse período, foi possível observar dois perfis: os venezuelanos e os indígenas venezuelanos. Sendo o segundo grupo mais resistente às abordagens da pasta.
“Dificilmente se enquadram nas políticas públicas do Brasil e mesmo com toda orientação, a maioria não nos mostra os documentos, cartão de vacinas das crianças, por exemplo. Já o grupo de não indígenas que chegam aqui, alguns se encaixam”, ressalta.
É o que também aponta Ismael Macêdo, coordenador do Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas), explicando que há famílias venezuelanas que residem em Gurupi com endereço e emprego fixos. O contrário do que se é observado nas famílias que atualmente vivem na praça do município.
“Montamos uma força-tarefa para trabalhar com eles, oferecendo orientações, inclusive para matricularem as crianças. Também ofertamos cursos profissionalizantes, mas eles não querem se fixar, adquirir responsabilidades e estabelecer vínculos”, frisa.
Segundo o coordenador do Creas, houve relatos deles de roubos no local, que pode indicar alguma intimidação por parte de usuários de drogas. Essa situação pode ter os deixado intimidados e ter influenciado na decisão de partir.
“Mas não tem como afirmar algo sobre isso. Eles recusaram o abrigo coletivo e estão em um lugar que não é apropriado para ficar, onde pode acontecer coisas desse tipo”. Ismael Macêdo comenta que todos da secretaria já estão acostumados com esse fluxo no município, onde “alguns anoitecem e não amanhecem”.
“É realmente cultural deles, muitos não acatam as orientações e não se encaixam nos lugares”, reforça.
Segundo informações de órgãos e redes que prestam assistência à essa população, o Brasil não tem o preparo necessário para atender e, até mesmo, compreender as vulnerabilidades e aspectos culturais de uma etnia sem histórico de presença no território brasileiro anteriormente.
Essa situação gera grandes desafios e discussões por todo o País atualmente. E neste processo cabe aos municípios se atentar às demandas dessas pessoas oferecendo abrigo, orientações e suporte necessário. Além do respeito, que deve sempre prevalecer, por parte de toda população à cultura e ao povo.
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